Entrevista ao jornal A Tribuna
Qual a idade que o pai já
pode começar a trabalhar a independência da criança?
A
autonomia é o maior objetivo da educação por tanto deve começar a ser
trabalhada desde bem cedo, gradativamente é dada a criança maior autonomia, ou
seja, liberdade para que a criança possa desenvolver e executar suas tarefas
com independencia e de forma satisfatória.
Quais as primeiras tarefas
que dão autonomia aos pequenos? Fazer tarefas de casa, como guardar roupas,
lavar vasilhas, arrumar o quarto são tarefas que ajuda nessa independência?
Normalmente
a primeira tarefa que a criança exerce com autonomia é a da alimentação, logo
deixa de depender que alguém leve a comida até sua boca, algumas precisam ser
estimuladas para isso, outras tomam a iniciativa de fazer sozinhas somente para
copiar a maneira que os pais comem. Outro ponto importante é que a criança
tenha controle dos esfíncteres e peça para ir ao banheiro, depois aprenda ir
sozinho, escove os dentes e tome banho apenas com supervisão de um adulto. Gradativamente
a criança vai aprendendo a se vestir e a realizar suas atividades de forma a
não depender do outro e isso inclui organizar e guardar seus brinquedos após as
brincadeiras.
As
crianças amam se sentir úteis, então pedi-las para realizar pequenas tarefas
causam-lhes grande satisfação e prazer. O desejo de ajudar impulsiona a criança
a realizar de forma cada vez melhor as atividades propostas. O importante é
dosar a quantidade de tarefas e não exigir um nível de perfeição muito grande, uma
vez que isso é conquistado aos poucos com os exercícios frequentes desses afazeres.
E quando a família tem uma condição econômica melhor, é
importante incentivar assim mesmo a criança a fazer certas tarefas? Quais as
melhores?
Sim, independente de classe econômica queremos
que
a criança se torne um adulto capaz de agir e pensar por conta própria, tomando
decisões acertadas para sua vida. É importante incentivar a organizar seus
próprios estudos, buscando fontes de informação e conhecimento, e construindo
um saber ligado aos seus próprios objetivos. Convidar a criança a observar, pesquisar,
interpretar, opinar e discutir é um bom incentivo. A criança deve realizar as
tarefas do seu cotidiano, não há como elegermos as melhores tarefas, como
educadores devemos despertar o interesse da criança e motivá-las a realizar
atividades diversificadas e cada vez mais complexas.
Quando o pai pode deixa o filho sair sozinho, pegar ônibus e a festas
sozinhas? Tem uma idade mais adequada para isso?
O pai pode deixar o filho sair, pegar
ônibus e ir a festas sozinho, quando confiar que ele pode fazer estas atividades sem por sua vida em
risco. A idade para isso vai variar de acordo com cada família, cada criança e
ainda com o lugar que vivem, penso que com 10 a 15 anos seja possível deixar
aos poucos que a criança saia em companhia de amigos sendo levados por adultos,
até que possam tomar uma condução sozinhos. Embora os perigos dos centros
urbanos sejam assustadores, cabe aos pais. minimizar o medo criando soluções que
garantam segurança para que os filhos possam ter uma liberdade de ir e
vir.Colocar um taxista de confiança pode ser uma boa.É preciso prepará-los para
a vida sem amedrontá-los ou subestimá-los, saber lidar com situações
inesperadas e enfrentar novos desafios com coragem faz parte do processo de
desenvolvimento humano.
Em relação à mesada. Os pais que tem condições devem dar
mesada?
A mesada é uma ótima maneira das
crianças aprenderem desde cedo a lidarem com o dinheiro, é muito bom para poderem
se organizar e dar valorizar suas aquisições e suas próprias finanças.
Ela pode ser condicionada ao bom comportamento da criança?
Qual o melhor método para estabelecer o valor e a justificativa? Como isso vai
ajudar a criança a ser independente?
A criança deve receber um valor de mesada para
determinadas finalidades, como por exemplo, comprar o lanche da escola, gastos
no final de semana, etc. Tem que ficar claro para todos, os objetivos da
mesada, assim a criança poderá poupar e ter responsabilidade sobre seus gastos. Este tipo de compromisso com
certeza ajudará na independência deste futuro adulto. Penso que dar um valor a
mais para que sobre a ser economizado pode ser bom.Condicionar a mesada com o comportamento,
não me parece o melhor caminho para a educação, mas se a finalidade da mesada
for apenas dar um extra para gastos em supérfluos esse procedimento pode ser
aceitável, mas se a mesada comprometer algo que exija responsabilidade de
pagamento, as práticas ficarão confusas para a criança, portanto o essencial é
que haja um planejamento familiar das
propostas educacionais co finalidades bem definidas.
Ester
Chapiro – Psicopedagoga clínica, professora, pedagoga,
especialista na área orientação educacional e de recursos humanos. Há cerca de
25 anos atuando na área da educação e com larga experiência em Magistério,
Orientação Educacional e Coordenação Pedagógica. Dirige a Central de
Professores-Soluções Pedagógicas, empresa que é também voltada para a
recuperação de alunos em situação de fracasso escolar.